Somos conservadores! Sempre que se tenta transformar alguma estrutura predominante da cidade, levantam-se vozes a protestar, seguidas de outras a defender tais mudanças. Isso é da democracia e é bem vindo, mas temos que superar essa nossa característica de defender apenas os interesses próprios. Essas manifestações em causa própria ignoram completamente os interesses do “outro” e até os da cidade e da cidadania.
A recente implantação de mais um trecho de ciclo-faixa em Blumenau, iniciativa correta do poder público, desperta uma discussão importante, a questão da mobilidade urbana. Já sofremos sérios problemas devido à quantidade de carros circulando, a falta de planejamento urbano, o descaso das empresas de ônibus e a inexistência de soluções alternativas. O transporte de pessoas, cargas, e informações não pode ser tratado como uma conversa cotidiana entre leigos, deve estar embasada em informações e conhecimentos técnicos. A mobilidade deve ser tratada de forma integral, considerando todos os aspectos urbanos, tais como a paisagem urbana, a poluição ambiental, a qualidade de vida, o desenvolvimento econômico e a felicidade de todos.
É um erro tratar o trânsito de forma isolada, apenas com cálculos e planilhas, suas causas e conseqüências são mais complexas e amplas, incidindo sobre todos os espaços e cidadãos, travando o desenvolvimento econômico e social de uma cidade. A solução passa por decisões estruturais e temos que toma-las rápido: prioridade absoluta para o transporte coletivo e o deslocamento não motorizado; buscar soluções democráticas embasadas em critérios técnicos; considerar alternativas combinadas e complementares, todos os modos de transporte são necessários e importantes, desde que utilizados corretamente. Não se trata de punir o usuário do carro, mas o fato é que estes precisam ceder espaço para outras formas de transporte mais eficientes, menos poluentes, mais agradáveis e baratos. As bicicletas são um componente fundamental para qualquer sistema de transporte urbano eficiente; elas são complementares e cumprem um papel específico. Muitos gostariam, por exemplo, de sair de casa pedalando 10 minutos até o terminal de ônibus mais próximo, deixar a bicicleta lá, pegar um ônibus até o trabalho e caminhar mais 5 minutos; a volta poderia ser de carona de carro com mais 3 amigos. Porque não implantamos o sistema de bicicletas públicas?
Outro argumento utilizado é a topografia de Blumenau. O bom censo permite defender sua utilização prioritariamente nas diversas áreas planas da cidade, isso deve ser considerado pelos planejadores. Em relação à perda de vagas de estacionamento nos corredores de serviço, sugiro que utilizemos vários exemplos no mundo, onde o aumento de pedestres e ciclistas, a médio prazo, aumentou as vendas do comércio nestes pontos.
Temos que avançar e preparar a cidade para o futuro, não apenas com discursos ou verbas mal aplicadas e obras pouco planejadas. Sem planejamento urbano adequado e a vontade coletiva da sociedade, continuaremos sendo apenas uma cidade bonitinha, mas sem vocação para se tornar uma cidade influente e atraente no século XXI, cujo principal fator é a alta qualidade de vida urbana.
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sábado, 18 de julho de 2009
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