Prezado colega e cidadão,
Tomamos conhecimento de um projeto contratado pela Prefeitura Municipal de Blumenau, para a margem esquerda do Rio Itajaí-Açu, no trecho compreendido entra a ponte da estrada de ferro e a prainha – denominado Beira Rio Margem Esquerda.
Este projeto, que tem o objetivo de evitar futuros deslizamentos, como os que ocorreram nas enchentes de 1984 e 2008, suprime toda a vegetação em avançado estágio de regeneração dessa margem, para nela repetir as decisões de engenharia executadas na Beira Rio, ou seja, enrocamento, concretagem de parte considerável do talude, gramado e, no nível mais elevado, calçada e ciclovia com dimensionamento de 7 metros de largura. Pretende suprimir, assim, um formidável corredor ecológico no coração da cidade, de aproximadamente 40.000 m2, com espécies nativas e exóticas, no qual podem ser encontradas, dentre a fauna, mais de 200 espécies de aves que o usam como passagem, abrigo e nidificação.
Apesar do grande impacto desta obra, até a presente data, o projeto da PMB não foi publicado em qualquer órgão de imprensa local. Apenas a ele se fez menção em curtas mensagens, que não permitem à comunidade, dele tomar merecido e necessário conhecimento.
Diante disto, e preocupados com o teor e as repercussões desta obra, resolvemos dar publicidade, tanto de uma avaliação do projeto da PMB, assim como a elaboração de alternativas feitas durante uma oficina realizada nas dependências da FURB com a participação de técnicos, pesquisadores e acadêmicos, que levaram em consideração a preservação ecológica, a contenção dos deslizamentos e a criação de um espaço de uso público para pedestres e ciclistas. A proposição de alternativas visa demonstrar a possibilidade do uso de distintas técnicas contemporâneas, como a bioengenharia, em um traçado que permite compatibilizar a proteção da vegetação ciliar existente e a criação de espaços de lazer e contemplação. Considera-se, de maneira geral, que o projeto da PMB representa um retrocesso nas formas e abordagens de margens de rios, e caminha na direção contrária às tendências mundiais deste tipo de intervenção. Da forma como está o projeto, este poderá causar impactos não só na paisagem urbana e no ambiente natural como na própria dinâmica dos rios, na medida em que esse padrão possa ser replicado para as demais cidades da bacia hidrográfica.
Solicitamos, para o bem de nossa cidade e do Vale do Itajaí, de nossos filhos e netos, que esta mensagem seja divulgada ao maior número de pessoas, para tentar tornar este processo decisório o mais criterioso possível, com a devida participação de toda a comunidade.
Saudações.
NEUR – Núcleo de Estudos Urbanos e Regionais
ACAPRENA – Associação Catarinense de Preservação da Natureza
PROJETO PIAVA
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